sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Entenda a crise migratória na Europa

Vítimas de guerras civis e perseguições estão entre os cerca de 300 mil imigrantes e refugiados que chegam ao continente

Policiais macedônios protegem a fronteira enquanto permitem que mãe síria e seu bebê atravessem da Grécia para a Macedônia (25/08)
Para os mais de 300 mil imigrantes e refugiados que chegaram à Europa pelo Mar Mediterrâneo até agosto deste ano, arriscar a vida em embarcações sem nenhuma infraestrutura não é pior do que as circunstâncias que eles vivem em seus países.
Vítimas de guerras civis, terrorismo, perseguições e miséria, eles buscam no continente uma chance de uma vida mais digna, mas nem sempre chegam à terra firme. Só em 2015, mais de 2.500 pessoas morreram afogadas na travessia, um número sem precedentes. 
Quem são os imigrantes?
De todo o contingente que cruzou o Mar Mediterrâneo em direção a Europa durante os primeiros seis meses de 2015, um terço era formado por homens, mulheres e crianças da Síria, cujos cidadãos têm sido quase universalmente reconhecidos como refugiados ou elegíveis a outras formas de proteção internacional. Os outros dois terços são majoritariamente originários de países como Afeganistão e Eritréia.
"Enquanto a Europa debate a melhor maneira de lidar com esta crescente crise no Mediterrâneo, os refugiados são a maioria dos que chegam à Europa em busca de proteção", afirmou o Alto Comissário da ONU para Refugiados, António Guterres.
No caso da África, países como Senegal, Mali, Guiné e Gâmbia concentram os maiores índices de imigrantes ilegais rumo a Europa. A maioria deles são homens solteiros na faixa dos 20 anos.
Para o pesquisador do observatório interdisciplinar de políticas públicas e professor de economia José Renato de Campos Araújo, esse aumento no fluxo de migratório se deve principalmente ao crescente número de conflitos internos em países da África e do Oriente Médio.
Campo de Zaatari, na Jordânia, abriga mais de 80 mil refugiados sírios (Arquivo)
"A Europa é o foco de imigrantes, principalmente africanos, desde pelo menos a década de 1960, por causa da riqueza do continente. Mesmo com a crise europeia, a região ainda é convidativa. Ainda mais porque há um grande número de compatriotas, o que facilita a adaptação", explica.
Travessia milionária
Para atravessar o Mediterrâneo, os imigrantes se arriscam em embarcações superlotados sem o mínimo de segurança. Aliciados por traficantes de pessoas, os passageiros acabam desenbolsando quantias maiores do que R$ 10 mil por pessoa, o que torna o negócio altamente lucrativo – um único barco pode render US$ 1 milhão.
Apesar do pagamento alto, eles não têm qualquer garantia de que terão seus pedidos de refúgio aceitos. Muitos não ficam no destino final e são mandados de volta aos seus respectivos países de origem. 
Pedidos de refúgio na Europa
A agência de refugiados da ONU indica que o maior grupo requerentes no continente é formado por sírios, com 122.800 requisições de asilo, ou 20% do número total de candidatos. Eritreus que fogem da guerra estão em segundo lugar. 
O destino preferido é a Alemanha, que no ano passado recebeu 202.700 requisições, ou 32% do total. A Suécia veio logo em seguida com 81.200, ou 13%. Seguem Itália, com 64.600, ou 10% do total, França, 62.800, ou 10%, e a Hungria, 42.800, ou 7%.
No caso da África, países como Senegal, Mali, Guiné e Gâmbia, concentram os maiores índices de imigrantes ilegais rumo a Europa. A maioria deles são homens solteiros na faixa dos 20 anos.
Tragetória antes do destino ideal
Antes de chegarem aos países onde vão buscar refúgio, muitos migrantes passam por países vizinhos, como Turquia e Líbano, em busca de proteção. Mas como esses Estados vivem uma crise estrutural e econômica – até pela chegada cada vez maior de refugiados sem o devido apoio internacional –, a única opção acaba sendo seguir viagem.
Muitos dos milhares de imigrantes que chegam à Grécia todos os dias, principalmente a partir da vizinha Turquia, têm como objetivo atingir a Macedônia, onde pegam um trem superlotado para a Sérvia. Lá, eles tentam alcançar a União Europeia novamente, através da Hungria.
Tanto que, atualmente, a rota mais utilizada por aqueles que conseguem chegar à Europa, é a dos Balcãs Ocidentais (a fronteira terrestre húngara com a Sérvia), onde o número de migrantes detidos ultrapassou os 10 mil de janeiro a abril deste ano. No período entre 1º de Janeiro e 31 de maio, mais de 50 mil migrantes foram pegos nessa rota, um aumento de 880% em relação ao mesmo período de 2014.

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