quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Ouvidos bem abertos e boca bem fechada

por Elben César

"Lembrem disto, meus queridos irmãos: cada um esteja pronto para ouvir, mas demore para falar e ficar com raiva"– Tg 1.19

O QUE É MAIS FÁCIL, abrir os ouvidos ou a boca? O que deve vir primeiro, o ouvir ou o falar? Qual destas partes do corpo humano é mais importante: os ouvidos ou a língua?

A precipitação é mais um problema da fala do que da audição. Prático como demonstra ser em toda a carta, Tiago aconselha: cada um de vocês esteja mais pronto para ouvir do que para falar, seja mais rápido no ouvir e mais lerdo no falar, aprendam a primeiro ouvir e depois falar. É preciso disciplinar-se quanto a isso.

O controle da língua já havia sido prescrito no livro de Provérbios: “Quanto mais você fala, mais perto está de pecar; se você é sábio, controla sua língua” (10.19) e “Quem toma cuidado com o que diz está protegendo a sua própria vida, mas quem fala demais destrói a si mesmo” (13.3).

Mas Tiago foi mais longe: é para ser lento para falar e lento para ter raiva. Uma coisa e outra. Essa frase pode ser traduzida assim: “todo homem deve ser pronto para ouvir, ponderado no falar e moroso em se irar” (HR). O crente não deve acender o pavio da cólera, não deve provocar a ira numa desastrosa explosão de gênio, não deve abrir a válvula da raiva. Quando dominado pela ira, a primeira reação do ser humano geralmente é gritar; só depois ele toma outras providências, cada vez mais drásticas.

Controlando a língua, ele controla a ira. Vem a propósito o conselho de Paulo: “Se vocês ficarem com raiva, não deixem que isso faça com que pequem e não fiquem o dia inteiro com raiva” (Ef 4: 26). Mais à frente o apóstolo insiste: “Abandonem toda amargura, todo ódio e toda raiva. Nada de gritarias, insultos e maldades!” (Ef 4.31). Os chamados “acessos de raiva” são obras da carne (Gl 5.20). Enquanto a ira não for embora, é de todo
prudente ficar de boca fechada. A língua amarrada faz mais do que a língua solta!

Texto retirado de Refeições Diárias com os Discípulos, p. 33.

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