quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

AUTO-INFERNO

"Cuidem que ninguém se exclua da graça." (Hb 12.15)

Essa onda de igreja que pisa na graça e rechaça desajustado é fato aí ao sol. Porém, penso na auto exclusão.

Eu-igreja entro em contato com eu-pecado e sentencio a morte o eu-réu, depois de ouvir o eu-júri e o eu-opinião-dos-outros. Então, o eu-oficial-de-justiça me conduz para meu "auto-inferno", o qual atravesso com as barcas da auto comiseração e ódio a mim mesmo.

Acabo de lembrar de Satre: "o inferno são os outros". Como? Vai ver que o inferno sou eu infernizando a mim mesmo antes de todos os outros. Não me perdoo, não me aguento. Não há gracejo para mim. É filho que se vê como dejeto não reciclável.

Portanto, não perdoar a si é um ato de "des-compaixão", de orgulho.
O suposto humilde que pecou e lixo se vê para sempre. Não se inocenta por apego a justiça. Humilde? Não. Tremendo orgulhoso que sobe a cadeira de Deus - o verdadeiro juiz - para descer lenha sobre pobre coitato, a saber, ele mesmo.
Lembrei do versículo,

"Cuidem...". Atuem. Preguem. Curem. Caminhem para que todos os que creem incluam a si mesmo na graça.

A graça, essa boa notícia do "não é por nós mesmo", é fé que nos inclui. É como canta Arnaldo Antunes: "põe fé que já é".

Põe fé que Deus te perdoou pois isso já é. Sim, na cena do tribunal você, filho de Deus, não é juiz nem réu condenado, é o remido.

2016 David Riker

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