quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

As Escrituras Sagradas

As Escrituras Sagradas não são um conjunto de ideias que alguém cozinhou, "mastigou" e nos serviu pronto à deglutição preguiçosa.
Pelo contrário, a beleza do texto se revela a medida que estudamos respeitosamente suas entranhas complexas. Nessa imersão, as ideias nos chamam à paragem reflexiva e à ruminação de cada letra. Afinal, trata-se de algo poderosamente vivo e capaz de nos energizar o espírito.
Nesse mesmo sentido, o texto de Deus também não é um simples tratado técnico sobre ritos religiosos; não se desenrola como um panfleto sobre as qualidades do céu; ou como propaganda de um condomínio de luxo na Nova Jerusalém. Muito menos, como um romance moralmente asséptico, ou sexualmente comportado.
Na verdade, Deus ao se fazer livro, escreveu-se para nos ensinar esperança. Porém, para tanto, se meteu com humanos deprimidos, soberbos, contraditórios e inconstantes. Ou seja, gente normal. Capaz do bem e do mal.
Na contramão de nossas expectativas puritanas, no livro do Eterno os heróis da fé duvidam e mentem. São super-humanos? Não. De fato, as vezes, sob vários aspectos, estão a baixo da média. O tom das histórias que os envolvem é ao mesmo tempo motivador e trágico. Para contá-las, Deus se mostra um narrador visceral, perfurante. Sem clichês ou obviedades, Ele destrincha as idas e vindas de seu povo amado sem sublinhar-lhes as virtudes ou nos poupar da podridão. No Seu enredo há de tudo: ora sussurros de sensibilidade justa e altruísta; ora berros da mais vergonhosa estupidez sanguinária. Daí, talvez, chamá-la: espada.
Nesta saga literária crua e real encontramos esperança diante de nossas próprias imperfeições e da misericórdia do Deus que insiste em escrever conosco o que poderia melhor escrever sozinho.
2016 David Riker

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