Ronaldo Lidório
Este
artigo analisa tendências e desafios na missão entre os grupos indígenas no
Brasil. Entender a realidade desses grupos é crucial para qualquer reflexão ou
ação. Há 228 grupos indígenas reconhecidos no Brasil, ainda que o número real
possa chegar a 340. Do total da população indígena, 52% vivem em vilas
tradicionais, enquanto 48% estão em áreas urbanizadas ou em processo de
urbanização. Existem 181 línguas indígenas.
Há uma
igreja evangélica para cada um dos 150 grupos étnicos. Entretanto, 99 dessas
igrejas não contam com lideranças indígenas. Missionários evangélicos estão
presentes em 182 comunidades, representando mais de 30 agências missionárias e
aproximadamente 100 denominações diferentes.
Alguma
coisa nova está acontecendo na igreja indígena no Brasil. Deus tem levantado
líderes indígenas chaves para trazer pessoas que manifestam o desejo de buscar
o Senhor. As igrejas indígenas estão crescendo rapidamente e se espalhando por
áreas e grupos totalmente novos.
Entretanto,
o número de líderes indígenas maduros é pequeno, e são poucas as iniciativas
que focam o treinamento de liderança. É necessário investir na capacitação
desses líderes para fortalecer a igreja existente, alcançar os que ainda
precisam ser alcançados e evitar sincretismos. Existe, ainda, a necessidade de
melhor integração entre tradução da Bíblia, plantação de igrejas e treinamento
de líderes.
Há 121
grupos étnicos que ainda estão mal evangelizados ou totalmente não
evangelizados. Serão necessárias centenas de novos missionários para encarar o
desafio de compartilhar o evangelho, plantar igrejas e se comprometer com suas
necessidades sociais. Muitos desses missionários podem vir da igreja indígena.
Entretanto, eles precisam receber treinamento em transculturalidade, já que
muitos deles podem experimentar as mesmas barreiras que os não índios, ao viver
e se comunicar com outros grupos.
Está na
hora de fazer parceria com a igreja indígena no Brasil e trabalhar com ela para
alcançar os que precisam ser alcançados, traduzir a Bíblia para todas as línguas
e treinar novos líderes. A AMTB (Associação de Agências Missionárias
Transculturais do Brasil) e a CONPLEI (Conselho Nacional de Pastores e Líderes
Evangélicos Indígenas) estão trabalhando arduamente nessa direção. Fazer
parcerias com essas organizações em projetos de colaboração com a igreja
indígena no Brasil seria um passo estratégico.
Há lições
tanto para a igreja global como para o movimento missionário, especialmente no
que diz respeito à necessidade de melhor entendimento e unidade para enfrentar
os desafios atuais. Para alcançar os que precisam ser alcançados, precisamos
saber mais do que “quantos”, “quem” e “onde”. Entender a identidade, o contexto
sociocultural e a situação das igrejas indígenas é vital. Há também a
necessidade urgente de promover melhor unidade estratégica e espiritual entre
os diferentes atores do movimento missionário mundial. Sem entendimento,
acabaremos focando em soluções inadequadas. Sem unidade, não seremos fortes o
suficiente para enfrentar os desafios.